Apenas por pessoas de alma já formada

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Um lugar ultra-romântico chamado balada

Todos abandonam a mesa, deixando-nos a sós sem ao menos perceberem. Estamos somente eu e ele agora. Meu coração dispara. Eu não sei o que fazer. Bebo um gole da bebida que está nas minhas mãos, pensando em como eu queria estar menos nervosa para controlar melhor a situação. Meus joelhos tremem de leve. Eu continuo bebendo e olhando para o chão, incapaz de subir o olhar na direção daquele com quem já queria há tanto tempo estar junto. O que ele deve estar pensando de tudo isso? O frio na barriga só aumenta. A cadeira na qual estou sentada parece de repente começar a tremer (ou será apenas meu corpo que treme fazendo-a consequentemente também tremer?). Deixo o medo de lado e subo lentamente o olhar em sua direção, afim de desvendar os pensamentos da única pessoa que me interessa agora. (É preciso perder o medo.) Ele também tomava um gole de bebida, enquanto olhava para mim. (O que se passa atrás daquele olhar? E se nós ficarmos realmente, mas ele não gostar? Eu nunca mais verei aqueles olhos fitando-me daquele jeito.) Resolvo, então, aproveitar um pouco mais aquele momento, antes de dar o próximo passo. "Como ele é lindo!", penso enquanto continuo tentando desvendar seus pensamentos. Nós ainda nos encarávamos. "Como ele é lindo!", repito mentalmente. Ele, de repente, como se soubesse de meu pensamento a respeito de sua pessoa, sorri. Eu devolvo o sorriso. É claro que ele não leu meus pensamentos. Da mesma forma que eu não consigo ler os seus pensamentos, ele também não é capaz de ler os meus. Ele continua me encarando. Há algo naquele olhar. Talvez, uma calmaria de quem tem seu futuro já certo. Nós sabíamos o que aconteceria a seguir. Era o momento pelo qual ambos esperávamos. Nós ficaríamos. Certeira certeza. E seria hoje. Tomo um último gole da bebida e, por fim, levanto, tomando frente na situação. Não adianta postergar. Eu me aproximo dele, retiro a bebida de sua posse e olho fundo em seus olhos. Ele devolve o olhar, entrelaçando minhas mãos nas suas. Eu em pé e ele sentado. Eu me esqueço de tudo com aquele olhar. Não importa que estejamos sós ou não. Mesmo que estivéssemos acompanhados, ainda assim eu não seria capaz de notar ninguém ao meu lado com aquele olhar. Eu me inclino na direção de seu rosto (eu ainda em pé e ele ainda sentado), beijando sua testa e tocando a ponta de seu nariz com a ponta do meu. Ele retribui o beijo, primeiro em minha bochecha direita, depois em minha testa, finalizando com um na ponta do meu nariz. Nós estamos bem próximos agora. Próximos demais. Próximos de menos. Ele levanta, obrigando-me a recuar (eu estava inclinada na direção dele, lembra? eu em pé e ele sentado) Ele, agora mais alto do que eu, aproxima sua boca da minha. O beijo já certo (de caçador perante a presa), quando de repente me inclino. Brincadeira de gato e rato. Ele vem, eu recuo. Ele volta, eu avanço. Ioiô de bocas. Vai e volta. Recua e avança. A brincadeira cessa. Nós dois com um sorriso no rosto, resultado de nossa boba besteira. Para que postergar mais ainda? Ambos queríamos e aquela brincadeira só me fez querer ainda mais. Eu dou uma última olhada nas janelas azuis de sua alma e, antes que eu pudesse me perder ainda mais em seus olhos, ele me dá um beijo. Dessa vez, eu não pude escapar. Seus olhos me hipnotizaram e seu beijo me deixou sem palavras. Agora definitivamente eu não tenho mais medo. Eu apenas quero mais. Mais daquela droga pela qual eu me viciaria fácil. Eu continuei de olhos fechados. Eu não os abri, quando o beijo terminou e ele se distanciou de mim. Não, eu apenas puxei sua blusa e o beijei novamente. Eu não o deixaria distante de mim por mais nenhum segundo. Pelo menos não pelas próximas horas. Se estivéssemos no messenger, nosso status seria offline (ambos desconectados do mundo). Se estivéssemos em um quarto de hotel, a placa usada seria "NÃO PERTUBE!" (não incomode nossa cena de amor, por favor!). Mas como estávamos em uma casa noturna qualquer, eu só podia esperar que, notando a empolgação dos beijos por nós trocados, nem um ser humano sequer nos atrapalhasse. Não atrapalharam.
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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Declaro

Eu não consigo parar de pensar em ti. Ato que a mim não cabe, porque, no instante que o faço, as lágrimas vem ao rosto e deixar que outros vejam meu choro não é uma alternativa. A saudade lateja e só consigo pensar no que faria se estivesse ao seu lado: nada. Estressaria-me de certo. Mas estaria ao seu lado ainda assim e isso é o que, no fundo, importa. Porque o coração respiraria tranquilo. Não ameaçaria entregar aos outros os choros contidos em vários nós na garganta. Eu não voltarei a escrever essas palavras novamente. Agradeço a você pelas inspiradoras palavras, mas não agradeço pela dor. Ela é grande e incomodativa demais para ser agradecida.
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- Eu queria curar a tua dor.

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terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Invasão

Ela invadiu meu quarto. Eu que estava tão tranquila na minha querida solidão, vi-me de repente invadida. Meu porto seguro fora penetrado e eu não sabia como expulsá-la. Tentei. Não consegui. Quanto mais a afastava, mais ela se aproximava de mim.
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- Olha aqui. Isso está errado. Eu sei que faz parte de você. Sempre foi assim. Não adianta mudar quem você é, mas logo no meu quarto? Não dá. Eu tenho minha privacidade. Está vendo aquela porta ali? É a linha limite. Passar dali é entrar em zona de perigo. Eu tenho meu quarto como meu porto seguro e vem você, de repente, invadindo-o assim? Qual é?
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Eu não sabia o que fazer. Fiquei, ali, em pé (mais encolhida do que ereta), esperando que ela fosse embora. Não foi. Ela continuou ali, parada, avançando sobre mim quando eu partia em sua direção. Ela não fugia assustada. Ela não tinha medo de mim. Eu é que tinha medo dela.
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- Eu sou pacifista demais. Só estou lhe dizendo isso, porque eu não quero partir para a violência. Vamos! Vá embora da minha casa! Você não sabe o quanto eu lhe odeio!
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Ela partiu para cima de mim. Indignada com meu ódio talvez? Eu não aguentei. Foi mais forte que eu. Ou eu fugia ou revidava.
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- PLAC!
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Eu matei a maldita da barata.
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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Inteligência emocional

16 horas. Que nervosismo é esse? Calma. Respira fundo. Você já fez isso milhares de vezes. Ele não é novo na praça. É figurinha repetida. Por que esse frio na barriga então? Você já tinha planejado tudo. Seria o gelo em pessoa. E agora os seus nervos estão estragando tudo. Calma. Respira fundo. Você não gosta dele da mesma maneira que antes. Você sabe que não passa de amizade. É apenas um carinho que você carrega no peito por tudo que ele já foi e significou para você. Não passa disso. Não é mais amor. Por que seu corpo insiste em lhe fazer passar por isso, então? O frio na barriga só parece se agravar a cada minuto que passa. Isso não é justo. Era tudo o que você queria. Sentir suas pernas tremerem por alguém novamente, mas não por ele. Não de novo. Vocês terminaram e nada mais dá certo entre vocês. Então, pára corpo. Pára, porque vocês dois não podem voltar. Você já sabe que ele não é o seu príncipe encantado e não adianta forçar um sapo a se transformar em algo que ele nunca será.
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terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Opostos

Eu gosto quando chegas e, com naturalidade, sentas ao meu lado. Como se já fôssemos íntimos o suficiente. Não é apenas ao meu lado que conta. É a proximidade que alegra. Próximo demais, sem ao menos me tocar, mas ainda próximo demais. E quando eu encosto minha cabeça no teu ombro, ronronando algo inaudível, tu perguntas o que se passa. "Não há nada errado", eu respondo. O errado talvez seja apenas estar ao teu lado e isso não ser suficiente. Não há como nos aproximarmos ainda mais, só que o desejo quer uma comunhão completa. Então, há o silêncio e lateja dentro de mim a vontade de perguntar o mesmo que me perguntaste: "afinal, o que se passa?". Mas me silencio, porque é cedo demais para expor sentimentos que podem nem sequer existir ainda. Tu brincas com crianças. Fazes mágicas bobas que qualquer um saberia fazer. Eu, atenta, olho. Conversas com todos da forma mais educada que meus olhos já viram. Não é falsidade. Percebe-se que faz parte do teu ser. Educação de berço. Ah, a tua voz. Isso sei. É genética. Essa voz que eu tanto gosto de ouvir. Senhorita, tu assim te referes a mim. Como adoro tua formalidade! Eu sei. Não é suficiente. Não basta que tu me encantes, nem que eu te atraía. Somos imãs de pólos iguais. Ou pior, exceções de uma conhecida regra: somos opostos que não se atraem. O eterno drama. O balé de dois dançarinos que não parecem dançar o mesmo ritmo. Mas a beleza de teus passos me encanta e não consigo ficar longe deles por muito tempo. Eu insisto em misturar os dois ritmos por acreditar na esperança que insiste em sussurrar em meu ouvido: "Sim, pode dar certo. Por que não? Sempre há a possibilidade." A vontade de te encher de perguntas renasce. "Qual é esse ritmo que tu insistes em dançar?", mas fico calada novamente e nesse silêncio que nada conta, mas tudo esconde, nós vamos nos perdendo um do outro. Nós que não tivemos um presente, mas tínhamos um possível futuro. Para onde foi nossa futura história? Foi perdida pelo, pelo? Não sei o que vai ser de nós. Não ter conhecimento do problema é o problema em si. Como consertar algo que desconhecemos? Nosso amor não tinha possibilidade. Não foi. Mas gostava, quando chegavas com naturalidade e sentavas ao meu lado. Como se já fôssemos íntimos o suficiente.
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Segredos de liquidificador

De repente, eu, que nadava alegremente, comecei a perder o controle da maneira mais violenta que meu corpo pôde aguentar. Meus braços e pernas iam e vinham em um chacoalhar desses de qualquer coisa posta em liquidificador e eu não achava o botão de STOP. Cada vez mais submersa eu estava e não achar o controle não era mais o pior. Eu não achava meus pulmões. Tentava respirar, mas não havia ar para tragar. O ar só saía em bolhas e mais bolhas. Não havia mais sentido ficar preso em meus pulmões. Eu iria morrer. Não restava alternativa. O liquidificador não parava. Até que parou. O corpo já submerso, alguém o achou. Sem ar. Sem vida. O liquidificador cansou do incessante chacoalhar. Embora tarde demais para aquela vida. (A minha morte.) E todo esforço em viver fora inútil. Entre a vida e a morte, o que existe é apenas um piscar de olhos.
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E o vento não era vento. A luz não era luz. Era o meu corpo indo embora em uma desistência que em tudo seduz.
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sábado, 9 de janeiro de 2010

Toc-toc-toc

Mais uma tarde solitária. Desde que nós terminamos, todas minhas tardes, por mais que estivesse acompanhada, eram solitárias a mim. Ele não estava mais comigo. Ouço um barulho na porta. Alguém a bateu. Eu a abri.
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- Será que a gente podia conversar? – era ele. Aquele com quem eu havia terminado.
- Ahn, claro. – a resposta foi automática. Eu permiti sua entrada, tão surpresa que não tive tempo sequer de pensar a respeito. Seria a melhor hora para conversarmos? Meu cabelo preso desproporcionalmente. Eu vestia uma de suas camisetas. Aquela que eu adorava tanto. Droga! Eu não aguentaria se ele a pedisse de volta.
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Ele entrou. Minhas pernas tremiam sem eu sequer perceber. Era melhor achar um jeito rápido de nos fazer sentar.
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- Você está sozinha? – ele me perguntou. Eu acenei, dizendo silenciosamente que sim. Ele, então, sentou no sofá. Ufa! Que alívio. Eu sentei também. Não sabia se aguentaria muito tempo em pé. Eu estava nervosa demais para permanecer ereta por mais tempo.
- Então, sobre o que você quer conversar? – eu fui direta demais. Não foi minha intenção. Eu estava tão nervosa que não conseguia controlar nenhuma palavra que saía da minha boca. E aquela roupa? Não deveria estar assim. Nosso primeiro reencontro, desde que terminamos, e eu estava parecendo um moleque desleixado. Por que eu não estava vestida melhor?
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Minhas pernas ainda tremiam, mesmo sentada. Cruzei-as. Ele pareceu nem notar. Seus olhos estavam concentrados demais em algum ponto no chão.
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- Vi Antes do Por do Sol um dia desses. Lembrei de você.
- Você viu Antes do Por do Sol?? – eu perguntei em tom de descrença.
- Bem, eu vi que estava passando, mas logo mudei de canal. Você sabe muito bem que eu não gosto daquele filme. Aliás, até hoje eu não consigo entender como você pode gostar daquele blá-blá-blá sem fim.
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Eu revirei os olhos.
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- Você não veio aqui para conversar sobre meu "péssimo" gosto para filmes.
- Não, não vim. – ele admitiu, por fim. Parecia tão nervoso quanto eu. Talvez, fosse apenas impressão. Por que estaria tão nervoso quanto eu?? – Cortinas novas? – ele me perguntou quebrando o silêncio.
- Acho que sim. – eu respondi. – Ou talvez não. Sei lá, você sabe como a minha mãe é obcecada por cortinas e toalhas de mesa. Todas são novas para mim e talvez nem sejam. – como eu era distraída até em minha própria casa.
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Mas, parada naquela sala, percebi que nos dezesseis meses que passamos juntos jamais havíamos sentado ali. Era da porta da entrada direto para o quarto. Nunca para a sala de estar. Como ele podia ter percebido as cortinas novas, então? E aquela distância? Por que ele não chega mais perto? Acho que não vou aguentar.
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- Você está bem? – ele me perguntou. Eu queria ter respondido que não, que sentia sua falta e que o buraco que sua ausência havia feito em mim me puxava para um marasmo sem fim.
- Sim, eu estou bem. – mas não foi o que eu disse. Orgulho falou mais alto.
- Eu sinto sua falta. – ele disse tímido.
- Ahn? – eu me surpreendi. Pelo visto eu sou a única orgulhosa na relação. Afinal, ainda existe uma relação?
- Mas parece que eu sou o único. Você está bem. Que bobo eu fui. Vir assim lhe dizer essas coisas. – ele levanta do sofá, já ensaiando uma despedida.
- Alê, espera. – eu tento impedir, sua já certa saída, com sucesso. Ele pára de ir em direção à porta.
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Ele não vai embora, como estava ensaiando. Apenas olha para mim de um jeito tão fofo que até perco as palavras.
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- Ahn... É... que... ahn... – meu Deus, fala alguma coisa, Vanessa. Diz que você o quer de volta. Diz para vocês nunca mais se separarem, porque senão você morre.
- Não precisa falar nada, V. Eu é que preciso me desculpar. Desculpa. Não deveria ter vindo aqui.
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Que adolescentes nós somos. Terminamos sem razão alguma. Com medo, talvez, de amar. E eu, orgulhosa que sou, não consigo falar o que quero.
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- Não precisa se desculpar. Foi bom te ver. – ahn?? não foi isso que eu quis dizer. Agora, com certeza, ele vai se despedir e...
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Vendo que ele estava indo na direção da porta, eu puxo automaticamente sua mão em um claro ato de desespero.
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-V, não faz isso. – ele me pede com uma expressão de sofrimento no rosto.
- Isso o quê? – eu não entendi.
- Não fica tão perto de mim assim, senão...
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Coloco o dedo indicador em seus lábios, impedindo-o de terminar sua sentença.
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- Eu também sinto sua falta. – eu, por fim, admiti, deixando o orgulho de lado. – Acho que a gente devia voltar. – eu completei.
- Sério?? – ele foi pego de surpresa. Eu sorri.
- Sério. Deixa só eu ver uma coisinha antes. – aproximo-me de seus rosto, dando-lhe um beijo. Sim, aquele beijo maravilhoso continua o mesmo. – É, definitivamente a gente devia voltar.
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Ele não me respondeu, só deu um leve sorriso e voltou a me beijar. Como é que eu consegui ficar uma semana inteira longe dele?? Às vezes, a recompensa de um orgulho ignorado não tem preço.
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- Como eu senti falta do teu beijo. - eu disse a ele.
- E como eu senti falta de tudo em ti.
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Ele voltou a me beijar.
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quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Conflito

- Você promete que segura minha mão? É que dói tanto e eu não sei se eu posso fazer isso sozinha. Ele significou tanto para mim. Ainda tínhamos tanto pela frente. Não, não larga minha mão. Eu juro que vou tentar ser breve. Eu sei que nós já brigamos antes por esse mesmo ele. Eu sei sua opinião a respeito. Sei que você não gosta dele e não vai aguentar me ver voltar para ele novamente. Mas dessa vez é sério. Não tem mais volta. Por que você acha que eu estou assim? Por que você acha que dói tanto? Eu finalmente percebi que ele não me quer. Ou que nós dois não queremos a mesma coisa. O que acaba talvez sendo pior, porque a gente se dá tão bem. Ai, me diz! Por que dói tanto? A culpa é dele, sabe? Porque eu já tinha desencanado. Já nem lembrava mais da época em que ele era tudo para mim até ele ressurgir das trevas e bagunçar meu mundo. Sim, eu sei. Eu tinha a opção de dizer “não, eu não quero você na minha vida novamente”, mas sabe? Nós nunca tínhamos ficado e eu não queria que o arrependimento me torturasse mais tarde. Eu sempre preferi dizer “sim” a gritar “não”. Pelo menos, quando o assunto é o meu coração. Ai, será que eu vou conseguir fazer isso? Porque jogar tudo fora significa que uma parte de meu coração também vai no meio. E se eu quiser recuperá-la depois? Não vai ter mais volta. Não vai dar para voltar nesse mesmo momento e mudar essa decisão. E se tudo for apenas um engano? Talvez, ele também tenha medo ou seja tão orgulhoso quanto eu. Não, não vá embora. Eu preciso que você segure minha mão, caso contrário eu vou acabar me jogando fora junto com tudo isso e.................................................................................................. Eu sei. Ele não vale nenhuma dessas minhas lágrimas, mas é que meu peito se comprime cada vez mais e dói até respirar. Como é que pode doer até respirar?...................................... Ah, eu acho melhor nós irmos embora. Eu não vou conseguir. Você tem razão......................................................................... O quê? Você acha que eu sou capaz? É só ser rápido. Rápido como tirar um band-aid? Ok. Tem certeza que você não vai largar minha mão, não é? Ok. Um, dois, três...
- Ai!
- Desculpa, apertei sua mão forte demais? É que... ah, agora acabou e como pode doer ainda mais?
- Tudo passa.
- O problema é esse. Eu não queria que passasse.
- Não se preocupa. Você está melhor sem ele. Eu estou do seu lado. Vê? Eu não soltei sua mão. Pode chorar. Eu não vou a lugar nenhum. Quer meu ombro também? Eu deixo, mas não vai se acostumar. É, eu sei. Amigos são para essa coisa mesmo.
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segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Última chance

Ele iria partir e a vontade de dizer o que sentia, de repente, se libertava do orgulho que tão fortemente a prendia. Ele viajaria para longe e ela precisava (para evitar arrependimentos futuros) falar a ele que sempre o amara e que nunca disse em voz alta, porque era orgulhosa demais para ouvir um silêncio em resposta. A vontade, enfim, solta do orgulho, berrava alta qualquer coisa inaudível àqueles que nunca realmente amaram. Ela precisava externar seus sentimentos. Então, ligou, mas não conseguiu. Teria que fazer mais do que apenas ligar. Correu, então, à sua procura, mas nada achou, além da tristeza. Não era possível. Já teria partido? O desespero aumentava dentro de si. Ela precisava falar uma última vez que fosse com ele. Mover céus e montanhas não seria nada. A vontade era tamanha que nada seria demais para ela. Ela, por fim, conseguiu. Ela o encontrou antes que fosse tarde demais.
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- Ufa! Eu pensei que você já tivesse partido. – ela falou com alívio ao vê-lo à sua frente, sempre mais lindo do que sua memória era capaz de gravar.
- Partido? – ele a olhava confuso. – Como assim partido?
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- Olha, Alê. – ela começou seu discurso ensaiado, sem ao menos responder à pergunta que ele fez confuso a ela – A gente sempre foi muito amigo, mas agora eu não posso mais fazer isso. Ao menos agora, eu preciso ser sincera. Ainda que seja na sua despedida. Ainda que seja tarde demais, eu preciso falar. Caso contrário, o arrependimento dentro de mim será grande demais. Eu sei que nós temos pouco tempo também. Afinal, você vai partir quando? Daqui a cinco, seis dias?
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- Ah, a viagem. É disso que você está falando? V, eu não vou mais viajar. – ele disse calmo, ela congelou. Ele não viajaria mais? O que aconteceu com seus planos de morar fora? – Está tudo bem? – ele perguntou, depois de alguns segundos, preocupado com a expressão paralisada dela.
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- Não - ela respondeu ainda meio chocada – está tudo bem. Está tudo ótimo, actually. – quando ficava nervosa, ela misturava palavras em inglês e português, seu cérebro entrando em parafuso e sendo incapaz de fazer a tradução, mas ela não mentiu. Estava tudo mais que ótimo agora. Ele não viajaria mais, como ela podia não estar bem depois de saber disso?
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- Então, o que você tinha tão urgente assim para me falar? - ele interrompeu os pensamentos felizes dela.
- Ahn? – ela não entendeu sua pergunta.
- É que parecia que você ia falar me algo. É tão urgente assim que não podia ser pelo celular?
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Ah, sim. Ela iria falar algo e era mais do que urgente, mas agora não fazia mais sentido. Ele ficaria. Ali permaneceria por tempo indeterminado. Ele não iria mais embora e ela já não via mais sentido em sua declaração. O orgulho surgia novamente, trazendo o medo consigo também. E agora?
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- Ah, esquece. Não é nada. É que... eu... é... – ela precisava inventar uma desculpa plausível para o desespero apresentado há alguns segundos. Afinal, ela estava tão desesperada e ele não podia sequer desconfiar do que ela iria realmente falar. Ela não desejava mais externar seus sentimentos. E agora? O que poderia dizer a ele para encobrir a verdade sobre seus sentimentos não mais imediatos? – Então, é que... Ah, Alê, é que... eu... ia... é que eu ia pedir para você levar algumas coisinhas para alguns familiares que eu tenho lá, mas já que a viagem foi cancelada. – e ela não falou mais nada. Ela precisava da viagem. O orgulho voltou. Ela tinha tempo para se declarar agora. Quem sabe amanhã. Ela mais uma vez postergou.
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sábado, 2 de janeiro de 2010

Ano novo

Um calor infernal. Uma gota de suor que da sua testa escorre. O tempo passa. A situação fica cada vez mais insuportável. O calor só se agrava. Tanto que fica difícil resistir a tamanho incômodo. Você se vê encurralado. O mal-humor se manifestando. Até que a salvação aparece. Um carrinho com quilos e mais quilos. Você só precisa de duas bolas em uma casquinha. Você feliz as compra, mas ainda faz muito calor e as duas bolas, que lhe darão de certo um alívio imediato, não são eternas. Elas derretem. Você queria saborear devagar. Sem pressa usufruir tanto alívio, mas o sol é imperdoável. Você, então, com pressa se enlambuza, mas acaba. Tão rápido! A culpa não é sua. O tempo era curto, o sol imperdoável e o sorvete, danado, não é que era bom!? Tudo que é bom um dia acaba e você nem pode dizer que aproveitou bem. Foi tão rápido!
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Minha internet voltou, eba!, então meus textos voltarão a ser postados assiduamente, gente. Se não ocorrer mais nenhum problema com meu computador, é claro. (Deus queira que não, por favor!) Saudades imensas daqui, sério! Ah e vou voltar a responder os comentários também. Ano novo, Vanessa de volta. Eba!
P.S. não parece que o ano passou voando? Mas uma coisa é certa: adorei demais ter todos vocês por aqui. Independente de o sorvete ter derretido de pressa ou não. Que venham sorvetes novos!
:)
posted by mente inconstante at 17:16 7 comments