Apenas por pessoas de alma já formada

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Digestão

Escrever no momento em que a ideia surge é mais fácil. Trabalhá-la quando ainda está quente, pronta para ser ruminada. Não? Comida fria já é mais difícil de digerir. Eu travo. A ideia fica, mas as palavras certas escapam. Sobram as suportáveis, mas em mim permanece o arrependimento de ter permitido que as palavras certas fugissem.
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Jogo de lembranças

- Vamos brincar? - ele me pergunta com rosto de criança empolgada. - O que mais você lembra em nossos momentos juntos?
E eu respondo com ar de menina sonhadora:
- Uma tarde esperada, após um fim de semana distante. Saudades exageradas incapazes de serem saciadas em poucas horas de visitas rápidas (longas, mas rápidas para mim, que sempre fui boba quando apaixonada). Cinco dias semanais. Várias horas ao telefone. Seu corpo como meu travesseiro. Seu perfume como oxigênio de meus pulmões. Suas carícias como alimento de meu profundo sentimento.
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terça-feira, 28 de setembro de 2010

Doce ilusão

Você tapa meus olhos. O que os olhos não veem, o coração não sente. Provoca-me sorrisos falsos, embora a mim pareçam verdadeiros, já que no peito há algo parecido com bons sentimentos. No entanto, com um flash, tudo de repente muda. A venda cai. Só por um pequeno instante. Não importa. Os olhos já viram e a imagem permanece na mente. Os sorrisos desaparecem e você não entende o que se passa. Meu vislumbre do céu acabou, amor. O inferno engana com uma miragem do que me é impossível: você jamais será meu, sweetest lullaby.
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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Divórcio

Venha que as portas estão abertas para você. Pode ser pela porta dos fundos ou pela da frente. Pode ser para conversar ou partilharmos juntos o silêncio, mas chegue. Não se acanhe. Porque eu sei como é quando isso acontece. A atmosfera fica pesada e a vontade que dá é de fugir para bem longe. São tantas brigas e você ali no meio, sem saber o que fazer. Ah, meu amigo, venha. Não tenha medo. Prometo lhe proteger. Eu já passei por isso. Tenho experiência no assunto e garanto-lhe, serei uma boa companhia nesses momentos difíceis. Saiba que é bom ter um amigo nesses dolorosos instantes.
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sábado, 18 de setembro de 2010

Frozen scene

Eu dei um "tchau" demorado. Você respondeu com um "tchau" casual. Como se ainda fôssemos fazer aquilo mais e mais vezes por vários meses. Eu quase derramei uma lágrima. Você nem ao menos percebeu o que acontecia. Não era um mero "tchau". Era uma despedida. Eu não voltaria a procurá-lo. Eu estava cansada demais. Brincar de gato e rato não é comigo. Você sorria. Eu lutava para não chorar. Eu passaria a noite chorando de certo, mas, ali, naquele momento, eu não podia demonstrar uma lágrima sequer. Seria muito para o orgulho que dentro de mim prevalescia. Eu queria congelar a cena. Apreciar um pouco mais os traços de seu rosto que eu tanto amava (que ainda amo, mas é preciso lembrar que é preciso esquecer, eu não quero mais nada com você). No entanto, se eu me demorasse mais naquele corriqueiro momento, você perceberia o que estava ocorrendo e eu não aguentaria uma despedida verdadeira. Eu desmonaria e com certeza voltaria atrás na minha decisão. Eu, enfim, fechei a porta não só do seu carro, mas também do meu coração.
posted by mente inconstante at 10:00 2 comments

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Do outro lado da tarde

"Depois eu vi seu cabelo molhado, e ao mesmo tempo você viu meu cabelo molhado, e ao mesmo tempo ainda dissemos um para o outro que precisávamos ter muito cuidado com cabelos molhados, e pensamos vagamente em secá-los, mas continuava a chover. Estávamos tão molhados que era absurdo pensar em sairmos da chuva.”

(Caio Fernando Abreu)
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sábado, 11 de setembro de 2010

Luto

Matei meu anjo essa noite e em meus pesadelos diários eu voltaria a repetir o mesmo ato por semanas. Não houve dor ao arrancar as penas de suas asas, no entanto houve intenso pesar dentro de mim. Ele não voará mais ao meu redor, protegendo-me dos males do mundo. Não ouvirei seus cantos ou sentirei seu doce perfume. Sua energia vital já havia partido. Ele já não era mais o mesmo. Seus olhos, cegos. Sua pele, deteriorada. Era apenas seu corpo preso ainda a esse mundo, mas doeu ainda assim. Esperei seu último suspiro, como se fosse o meu último também. Observei seu peito subir e descer devagar, perdendo aos poucos a imensa força que sempre teve. Sempre tão forte, meu doce anjo! Eu o assassinei para livrá-lo da dor. Só não contava com a minha própria. Eu lhe amava muito e sinto culpa agora. A culpa do "se" instalou-se em mim. "Se" tivesse sido diferente, você ainda estaria entre nós? Protegendo-me como sempre fez? A terra depositada sobre seu corpo foi irrigada por minhas lágrimas salgadas. Eu chorava pelo pedacinho de meu coração enterrado junto de meu anjo protetor. Sal da culpa e do amor perdido. E a sólida rocha que permanecia ao meu lado se rachou. Nada é eterno, pedra rochosa, e ninguém dura para sempre em vida. Nem mesmo os querubins. Desculpa se falhei com você, meu querido querubim. Apenas um último adeus neste momento fúnebre. Digo-lhe sinceramente, esperando que possas ouvir, esteja onde estiver:
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- Eu te amei muito, anjo meu.
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posted by mente inconstante at 13:30 2 comments

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Holiday

E esse silêncio temente, alguns diriam solidão; ela sabia ser medo. Era uma ostra incapaz de abrir-se assim à sociedade. Possuía uma pérola intocada dentro de si. Poucos a conheciam. E era capaz de ouvir a torneira gotejando ritmada na cozinha. Torneira frouxa. Podia sentir o vento forçando entrada pela janela. Chicoteava o vidro. E ela mesma se julga por estar ali trancada. O telefone toca pela primeira vez naquele dia. Ela quase cai ao correr para atendê-lo. Era engano.
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domingo, 5 de setembro de 2010

Conto de fadas

Sonhei que um príncipe encantado surgia montado em um cavalo. Olhava no fundo dos meus olhos, satisfeito por finalmente ter me encontrado e falava extasiado: "você não sabe o quanto cavalguei para chegar até aqui" e naquele momento eu, que estava tão frágil, acolhi suas palavras com a fé de qualquer pessoa como eu carente. Ele me abraçou e eu não mais larguei. E até hoje luto com unhas e dentes contra qualquer uma que tente contestar meu lugar a seu lado, porque sei que não bastaria muito para fazê-lo. Eu nunca me senti uma princesa ao seu lado, embora ele me visse realmente como uma.
posted by mente inconstante at 08:00 5 comments

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

E...

o blog virou romance.
ou foi o romance que virou blog?
posted by mente inconstante at 10:00 4 comments