Apenas por pessoas de alma já formada

sábado, 10 de setembro de 2011

Sagrado raciocínio

A vida continua. Eu não fui capaz de ir à igreja, mas se Maomé não vai à montanha, a montanha vai até Maomé. Ele apareceu na porta de minha casa:

- Pede para eu não fazer isso.
- Isso o quê? – estou em estado de choque. Surpresa por vê-lo ali de paletó e gravata.
- Casar.
- Eu não posso fazer isso. – embora queira.
- Nem eu.
- O quê? Casar?
- Lê, eu te amo.

E eu fiquei ali parada sem nada fazer ou dizer. Eu queria que ele não casasse, que fôssemos felizes para sempre, juntos, mas nosso amor parece incapaz de derrubar a grande muralha chamada desconfiança que reside entre nós. Não daria certo, minha impossível paixão. Começo a chorar exatamente por saber o que fazer. Tenho ciência, só não tenho coragem suficiente para executar.

- Diz que me ama também! Pede que eu abandone tudo! – suas frases desesperadas continuam. Como dói ser a mais racional.
- E depois o quê, Edu? Eu vou subir no seu cavalo branco para fugirmos juntos para bem longe da bagunça que nossa inconsequência vai gerar?
- Pára de pensar! Você não me ama mais?
Ah, meu amor, mais do que tudo nessa vida. Eu só não vou agüentar me machucar de novo.
- Eduardo, – uma pausa para puxar a coragem à força, naquele momento coragem era tudo o que eu mais precisava e frieza. – acabou. – mas não acabou. Ainda estava tão vivo! O que eu estou fazendo? A besteira toda continuou: – Eduardo, você só está com medo do casamento e está me usando como desculpa para abandoná-la. Ela é sua noiva. Não eu.

E ele não dizia nada, porque sabia que eu estava certa. Pena a razão não conseguir influenciar o coração. Minha cabeça me dizia que eu estava certa, mas meu coração me castigava por acreditar que eu estava errada. E estava? Então, finalmente acabou, ao menos em voz alta.

(continua)
posted by mente inconstante at 07:27 6 comments

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sagrado matrimônio

Preferia não saber. Hoje seria mais um dia qualquer. Não é. Eles vão se casar. A imagem dos dois juntos não sai da minha cabeça. ELES VÃO SE CASAR! Levo o edredon à cabeça, tentando inutilmente me esconder da realidade. Ah, me faça esquecer! Meus cabelos desgrenhados, rosto amassado, coração dolorido. O que faço? Pior. Não posso nada com esse evento. "Alguém tem algo contra esse casamento? Que fale agora ou se cale para sempre." Não teria coragem de estragar sua união. Entrar rompendo as portas da igreja e gritar: "sim, eu tenho algo contra. Eu não quero voltar com ele, porque nós nunca vamos dar certo juntos, mas ele é meu! Não pode se casar com outra!" Que triste isso. Não há confiança entre nós, no entanto há amor. MUITO amor. Levanto meu corpo pesado de dor da cama ao sentir as lágrimas em minha face. Estou sofrendo por ainda amar quem não deveria. Seco o rosto molhado com a palma de minha mão, vou até a janela e abro as cortinas. Faz um dia bonito para piorar ainda mais meu astral. Por que não cai o maior dilúvio de todos os tempos para arruinar o dia de hoje? Hein? Hein? Hoje não é dia para festa. Essa sexta é fúnebre. É o enterro desse amor que sinto no peito. Vou para a cozinha, preencho uma xícara com o veneno mais eficiente que possuo. É o suicídio que desejo agora para sanar finalmente essa dor. Ando até a sacada do apartamento. Jogar-me dali do alto seria tão mais fácil. Não. Desisto da ideia, afinal o andar de meu apartamento é muito baixo. Volto para o quarto com a xícara em mãos repleta do veneno que em breve descerá por minha garganta, infectando os órgãos de meu corpo. Droga, o que eu estou fazendo? Ando até o banheiro e e jogo o líquido do recipiente fora. Escorre pela pia. O que eu estou pensando? Olho para meu reflexo no espelho acima da bancada do lavabo e me pergunto: quem é essa que vejo agora? Eu estou enlouquecendo.



(continua)
posted by mente inconstante at 08:04 1 comments