Apenas por pessoas de alma já formada

terça-feira, 26 de março de 2013

Sobre o dia de ontem

Beijei seus lábios hoje, enquanto o semáforo não amadurecia. Vermelho é a cor da paixão, dizem, então da boca, parti para seu pescoço, mordiscando a pontinha da orelha. Sussurrei você-me-deixa-insana, invadindo imediatamente seus cabelos. No entanto, uma horda de buzinas invadiu a audição. O sinal esverdeou e motoristas de carros apressados atrapalharam nosso devaneio.

Antes de atender as pessoas no trabalho, tu bagunçaste meus cabelos, sussurraste na orelha você-também-me-enlouquece. O dever me chama. Paraste, então, por ora.

No chuveiro, quando voltei à casa, rodopiei ao seu lado ao som do fim do mundo. Narizes ponta-a-ponta. Sorrisos de orelha-a-orelha.

Entre lençóis, houve boa noite. “Eu te amo” dissemos juntos e eu pude jurar que mesmo há quilômetros de distância estivemos juntos em cada hora que compôs o dia de hoje. Não passou de ilusões.
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segunda-feira, 18 de março de 2013

Na lembrança

Cerro as unhas, enquanto te observo cutucar meus dedos do pé. Quer entender como eu posso controlar minhas cócegas. Vem e vão quando querem? Ficam exatamente quando não preciso. E teus dedos vão subindo vagarosamente minhas pernas. Escalando terras já desbravadas antes. Olha para meu rosto e eu libero um de meus sorrisos abertos. O peito abre, inflando-se rapidamente de felicidade. Quero que me beije. E você lê meus pensamentos. Percorre meu corpo com beijos nele todo até alcançar meus lábios. Não os beija. Apenas mergulha em meus olhos, testando novamente sua inabilidade de ler meus pensamentos.
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domingo, 10 de março de 2013

Meu mundo

Não se assustem, se não me virem aqui. Nem eu mesma ando me vendo ultimamente. Fui raptada. Seqüestrada para um mundo seguro e feliz. Estremeço esse mundo, às vezes. Não minto. Revolto-me e insisto em pôr infelicidades onde não existe. Mas logo volto ao normal e percebo a realidade. O mundo feliz e seguro me completa. Perfeição. Nada é perfeito, eu sei. Mas como é bom pensar que nós somos, mundo.
posted by mente inconstante at 12:19 0 comments

sábado, 2 de março de 2013

Surto momentâneo

Não sei o que escrever. Quero, mas não me vêm palavras. Vem-me apenas a sensação de inutilidade nas veias. Sem inspiração. Sem a única coisa que me faz verdadeiramente feliz. Não, eu não escrevo por obrigação. Mas às vezes, sinto-me obrigada a dar voz a esse meu interior inconsciente que insiste em latejar, como se de dor vivesse por não ter boca para falar.
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Esse é o problema em escrever. Não é fácil. Não se senta em frente ao computador e decide-se escrever. O escrever é que determina quando quer acontecer. E isto não é o que mais me incomoda. O que mais me inquieta é essa agitação dentro de mim. É o escrever querendo acontecer, mas sem força o bastante para isso. Não consigo ler, pensar, agir. Preciso, sim, externar através de palavras tudo que me aflinge, mas como posso fazê-lo se nada à minha mente vem? Sinto uma inquietação que mesmo agora sem nada dizer começa lentamente a ceder, satisfeita pelas, ainda que poucas, palavras escritas. Porque é assim que as palavras funcionam para mim. Deixam-me de certa forma mais calma. Tiram um pouco o peso dos meus sentimentos que são sempre intensos, amor, imensos. Como te falar que te quero para todo sempre? Não, não falo. Tenho medo do teu susto, porque sei que, de certo, o teria. Assim escrevo. Porque as palavras não se assustam. Me ajudam. Calmantes que sedam meus sentimentos como se nunca tivessem pertencido de fato a mim.
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Adoro escrever! Adoro, porque sinto um talento em mim, quando escrevo, que não sinto em qualquer outra coisa que faço. Fico estupefata quando escrevo. É uma admiração por mim mesma. Não acredito que aquilo tenha brotado da minha mente. Daí a admiração. Daí a felicidade, porque parece ser apenas nas palavras que encontro a realização que tanto procuro em minha vida.

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posted by mente inconstante at 10:02 11 comments