Apenas por pessoas de alma já formada

terça-feira, 29 de junho de 2010

Desfecho

- Eu não sou seu príncipe encantado. - e ele foi embora, deixando-me com um coração dilacerado nas mãos. O meu coração. E o muro que eu fui construindo de repente desabou ao receber de volta o que, com tanto carinho, eu havia dado.
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sábado, 19 de junho de 2010

Agressão

- Eu preciso que você saia da minha vida. Você não vê o quanto eu sofro ao seu lado? Eu pensei que você me amasse. Quem ama quer o melhor de seu objeto de afeição. Não trancafia entre quatro paredes. Não manda nos desejos que não lhe pertence. O que foi agora? Não é indireta alguma o que digo. Eu sou mulher o suficiente para lhe dizer em voz alta que é de você mesmo que falo. Você não age como se me amasse. Você age como se me possuísse. Isso só significa uma coisa. Não é mais amor. O que você sente por mim é obsessão. Eu mereço mais. Você sabe disso. A questão é: desde quando? Desde quando você sabe que não é a pessoa para mim? É por isso toda essa insegurança? Todo esse medo de me perder para qualquer um que demonstre o mínimo de interesse por essa que te ama? Eu, petulante? O que foi? Vai me bater agora? Jura? Pois, vá em frente. Faça o que a raiva dentro de você está clamando. Mas eu vou logo lhe avisando: se você encostar essa palma grossa no meu rosto, não haverá uma segunda vez. Antes de te amar, eu me amo bem mais.
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Um estalo. Um flash. Eu caí no chão.
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- Você que pediu. Vamos. Levanta. - não era a voz do meu namorado que eu ouvia agora. Era a voz de alguém completamente alterado, que eu nunca tinha conhecido antes.
Outro flash. Outro estalo. Outra dor.
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O som de sua mão em meu rosto pela segunda vez consecutiva ecoou. O latejar ardeu mais que qualquer outra dor que eu tenha sentido. Ele não tocou apenas meu rosto. Ele quebrou meu coração (que já estava rachado demais para resistir a isso).
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- Vamos, levanta. Eu já disse. Levanta agora!
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Eu segurava minha bochecha esquerda com a mão direita. Eu sentia o sangue correndo em meu rosto. Nenhum de seus dois tapas me feriu a ponto de sangrar. No entanto, minha pele enrubesceu no exato instante em que ele me esbofeteou. Senti meu rosto vermelho como pimenta. As lágrimas preencheram automaticamente meus olhos. Aquele definitivamente não era o homem que eu um dia amei. Eu não levantei, como ele mandou. Pelo contrário, continuei caída. O medo me paralisando. Afinal, ele podia fazer o que quisesse comigo. Eu não tinha forças contra ele.
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- Eu não vou falar outra vez. Vamos! Levanta! E acho bom parar com esse choro.
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Quem era aquela pessoa? Eu estava mais que assustada. Não tenho palavras para meu estado de nervos. Naquele momento, meu mundo caiu. Eu continuei no chão e ele impaciente me levantou, me puxando com força para cima.
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- Eu mandei levantar!
- E eu estou mandando você tirar as mãos de mim agora! - eu, por fim, falei. - Se quiser continuar me batendo vá em frente. Quanto mais provas você deixar no meu corpo, melhor vai ser para mim te denunciar.
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Seu corpo enrijeceu. Ele me largou, se afastando de mim automaticamente. Não sei o que se passou em sua cabeça e também nem me esforço para tentar entendê-la. Eu não disse mais nada. Nem ele. Saí de lá. O mais rápido possível. Ele não me impediu. Nunca mais ouvi falar nele. Eu me amava mais. Nenhum homem bate em mim duas vezes. Ele foi o primeiro e último.
posted by mente inconstante at 14:51 5 comments

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Mais um

Ela vai alternando livros, distraindo atenções, mas nada mais faz sentido. Ela, que só queria uma fuga, não consegue mais dormir. Sua concentração se perde e ela se vê de repente sem forças. O que fazer com tanta solidão? Ela aumenta o som até o último volume. Quer fugir do mundo. E, então, eis que o choro lhe vem a garganta. Fácil, sem esforço algum. O choro desesperador de quem não pode fazer nada. Ela quer o que não podia ter. E o sono mais uma noite não veio. A solução para seu problema também não deu as caras. Mais um dia que se foi.
posted by mente inconstante at 10:49 1 comments

terça-feira, 15 de junho de 2010

Peça

Eu brinco com as palavras. Atuo em meio a personagens. Crio cenários. A história se completa. Tudo se encaixa perfeitamente. Mas minha vida continua a mesma. Transformo a dor em criação. Tenho minha tristeza como inspiração, mas a tristeza não cessa quando a história acaba. Ela continua lá onde eu não tenho acesso nem força para driblá-la.
posted by mente inconstante at 10:52 2 comments

quinta-feira, 3 de junho de 2010

O que eu também não entendo

Você não olha nos meus olhos. Desaparece por dias. Não demonstra sentimento, embora eu desconfie que sinta algo (não é possível que você seja de pedra. Indiferença apenas?) Bem no fundo, eu sei que rola interesse. O que faço, então? Como desarmar essa resistência? É um escudo? Uma barreira? A máscara eu sei que existe. Vejo quando a põe na frente dos outros, mas a retira comigo. Por isso, os outros não entendem o que vi em você. Não entendem, porque acreditam na máscara. Pensam que estou completamente equivocada. Sim, sei. Também devo ter meus defeitos. Provavelmente sou eu mesma que te afasto. Afinal, são tantos defeitos! Talvez, seja muita dificuldade para pouca recompensa. Mas é em você que eu penso. É com você que eu sonho. Vê o quanto me importo? Tanto a ponto de não fazer mais sentido. Alguém entende o que eu componho? O desejo de me entender só aumenta. Eu não compreendo uma só coisa em mim. E pelo visto tampouco você. Quando eu te afasto, seu bobo, é só para você sair correndo, desesperadamente atrás de mim, dizendo que me ama, apesar de todo o esforço do Universo em nos manter separados.
posted by mente inconstante at 19:03 12 comments