Apenas por pessoas de alma já formada

sábado, 19 de junho de 2010

Agressão

- Eu preciso que você saia da minha vida. Você não vê o quanto eu sofro ao seu lado? Eu pensei que você me amasse. Quem ama quer o melhor de seu objeto de afeição. Não trancafia entre quatro paredes. Não manda nos desejos que não lhe pertence. O que foi agora? Não é indireta alguma o que digo. Eu sou mulher o suficiente para lhe dizer em voz alta que é de você mesmo que falo. Você não age como se me amasse. Você age como se me possuísse. Isso só significa uma coisa. Não é mais amor. O que você sente por mim é obsessão. Eu mereço mais. Você sabe disso. A questão é: desde quando? Desde quando você sabe que não é a pessoa para mim? É por isso toda essa insegurança? Todo esse medo de me perder para qualquer um que demonstre o mínimo de interesse por essa que te ama? Eu, petulante? O que foi? Vai me bater agora? Jura? Pois, vá em frente. Faça o que a raiva dentro de você está clamando. Mas eu vou logo lhe avisando: se você encostar essa palma grossa no meu rosto, não haverá uma segunda vez. Antes de te amar, eu me amo bem mais.
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Um estalo. Um flash. Eu caí no chão.
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- Você que pediu. Vamos. Levanta. - não era a voz do meu namorado que eu ouvia agora. Era a voz de alguém completamente alterado, que eu nunca tinha conhecido antes.
Outro flash. Outro estalo. Outra dor.
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O som de sua mão em meu rosto pela segunda vez consecutiva ecoou. O latejar ardeu mais que qualquer outra dor que eu tenha sentido. Ele não tocou apenas meu rosto. Ele quebrou meu coração (que já estava rachado demais para resistir a isso).
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- Vamos, levanta. Eu já disse. Levanta agora!
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Eu segurava minha bochecha esquerda com a mão direita. Eu sentia o sangue correndo em meu rosto. Nenhum de seus dois tapas me feriu a ponto de sangrar. No entanto, minha pele enrubesceu no exato instante em que ele me esbofeteou. Senti meu rosto vermelho como pimenta. As lágrimas preencheram automaticamente meus olhos. Aquele definitivamente não era o homem que eu um dia amei. Eu não levantei, como ele mandou. Pelo contrário, continuei caída. O medo me paralisando. Afinal, ele podia fazer o que quisesse comigo. Eu não tinha forças contra ele.
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- Eu não vou falar outra vez. Vamos! Levanta! E acho bom parar com esse choro.
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Quem era aquela pessoa? Eu estava mais que assustada. Não tenho palavras para meu estado de nervos. Naquele momento, meu mundo caiu. Eu continuei no chão e ele impaciente me levantou, me puxando com força para cima.
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- Eu mandei levantar!
- E eu estou mandando você tirar as mãos de mim agora! - eu, por fim, falei. - Se quiser continuar me batendo vá em frente. Quanto mais provas você deixar no meu corpo, melhor vai ser para mim te denunciar.
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Seu corpo enrijeceu. Ele me largou, se afastando de mim automaticamente. Não sei o que se passou em sua cabeça e também nem me esforço para tentar entendê-la. Eu não disse mais nada. Nem ele. Saí de lá. O mais rápido possível. Ele não me impediu. Nunca mais ouvi falar nele. Eu me amava mais. Nenhum homem bate em mim duas vezes. Ele foi o primeiro e último.
posted by mente inconstante at 14:51

5 Comments:

Como gosto dos teus textos...
Ansiosa pela continuação...

Bjs

20 de junho de 2010 às 23:25  

wow' quero continuação rsrs'

21 de junho de 2010 às 18:20  

OLá Vanessa.
Primeramente obrigada por passar no meu blog flor.
Liinda que texto maravilhoso, eu o li em voz alta e soou bem aos meus ouvidos.
Achei muito real fiquei aqui imaginando tudinho e pode ter certeza estou aqui companhando seu blog, por que não quer só ver a continuação quero ver os outros textos que você ainda postar aqui.

beijis flor e boa semana!

21 de junho de 2010 às 19:28  

Cara, que maravilhoso.

22 de junho de 2010 às 14:44  

Sem palavras..
Isso é um dom!

Bjoos!

26 de junho de 2010 às 11:43  

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