Apenas por pessoas de alma já formada

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Opostos

Eu gosto quando chegas e, com naturalidade, sentas ao meu lado. Como se já fôssemos íntimos o suficiente. Não é apenas ao meu lado que conta. É a proximidade que alegra. Próximo demais, sem ao menos me tocar, mas ainda próximo demais. E quando eu encosto minha cabeça no teu ombro, ronronando algo inaudível, tu perguntas o que se passa. "Não há nada errado", eu respondo. O errado talvez seja apenas estar ao teu lado e isso não ser suficiente. Não há como nos aproximarmos ainda mais, só que o desejo quer uma comunhão completa. Então, há o silêncio e lateja dentro de mim a vontade de perguntar o mesmo que me perguntaste: "afinal, o que se passa?". Mas me silencio, porque é cedo demais para expor sentimentos que podem nem sequer existir ainda. Tu brincas com crianças. Fazes mágicas bobas que qualquer um saberia fazer. Eu, atenta, olho. Conversas com todos da forma mais educada que meus olhos já viram. Não é falsidade. Percebe-se que faz parte do teu ser. Educação de berço. Ah, a tua voz. Isso sei. É genética. Essa voz que eu tanto gosto de ouvir. Senhorita, tu assim te referes a mim. Como adoro tua formalidade! Eu sei. Não é suficiente. Não basta que tu me encantes, nem que eu te atraía. Somos imãs de pólos iguais. Ou pior, exceções de uma conhecida regra: somos opostos que não se atraem. O eterno drama. O balé de dois dançarinos que não parecem dançar o mesmo ritmo. Mas a beleza de teus passos me encanta e não consigo ficar longe deles por muito tempo. Eu insisto em misturar os dois ritmos por acreditar na esperança que insiste em sussurrar em meu ouvido: "Sim, pode dar certo. Por que não? Sempre há a possibilidade." A vontade de te encher de perguntas renasce. "Qual é esse ritmo que tu insistes em dançar?", mas fico calada novamente e nesse silêncio que nada conta, mas tudo esconde, nós vamos nos perdendo um do outro. Nós que não tivemos um presente, mas tínhamos um possível futuro. Para onde foi nossa futura história? Foi perdida pelo, pelo? Não sei o que vai ser de nós. Não ter conhecimento do problema é o problema em si. Como consertar algo que desconhecemos? Nosso amor não tinha possibilidade. Não foi. Mas gostava, quando chegavas com naturalidade e sentavas ao meu lado. Como se já fôssemos íntimos o suficiente.
posted by mente inconstante at 23:08

3 Comments:

Obrigada por elogiar meu blog!
O título fo inspiado no Cazuza, como você já deve ter percebido.
Você gosta de Cazuza ?
Beijos.

13 de janeiro de 2010 às 11:13  

Não acredito mais na lenda do: "Os opostos se atraem".
Preciso dizer que amei???
Preciso! Então eu digo: Amei!!!

Bjs

13 de janeiro de 2010 às 19:19  

Lindo demais esses teus contos.
E se há sentimento verdadeiro, há chances de uma concretização de amor!

Beijo.

14 de janeiro de 2010 às 17:50  

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