Apenas por pessoas de alma já formada

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Tarde (cedo) demais

Eu esperava por ele. Ouvia, sentada na sala, qualquer barulho que finalmente indicasse que era ele que chegava. Os minutos não passavam. Meu coração acelerava com essa espera que não acabava. De repente, o barulho de carro acalmou meu coração (que parecia tranquilo demais para o que estava prestes a acontecer). Uma porta fechou. Depois de alguns segundos outra se abriu. E então pude ver finalmente seu rosto em meu campo de visão. (Seu rosto que estava tão calmo quanto o meu coração.) Ele olhou para mim, mas não disse nada. Nem "oi!", nem "tchau!", nem um "agora não". Ele sabia que não adiantava postergar. O momento finalmente chegou:
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- Nós precisamos conversar.
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Minha voz falhou ao pronunciar as três palavras tão temidas. Eu pigarriei. Ele não falou nada. Continuou mudo. Só pegou uma cadeira e sentou. Na minha frente permaneceu, calado, esperando que eu começasse. Eu comecei:
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- Você sabe que as coisas entre nós já não são mais como antes e eu já não aguento mais toda essa situação. Nós só brigamos e se eu acreditasse que há um meio de reverter toda essa situação, eu juro que não estaria fazendo isso. Mas, para mim, realmente não há mais solução para o nosso relacionamento. Nós mudamos. Eu mudei. Você mudou. Você entende, não entende?
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- Entendo. - ele finalmente falou - Você está terminando comigo.
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Meu coração se despedaçou ao ver seus olhos tristes com o rumo da nossa conversa. Ele não queria que nós terminássemos?
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- Eu não quero que nosso namoro acabe. - ele acrescentou.
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Já acabou - eu pensei. Tarde demais. Mas eu ainda sentia algo por ele e não conseguia ignorar a tristeza em seus olhos.
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- Você não quer?? - eu repeti incrédula sua afirmação.
- Não, não quero. Mas aparentemente eu sou o único.
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Eu não sabia o que dizer. Será que ele era o único? Eu ainda não sabia o que fazer. Eu não esperava tal reação. Eu teria pedido um tempo para pensar melhor (dada minha surpresa com sua reação), mas olhar aquele rosto apreensivo me cortou o coração e eu não podia me ferir ainda pedindo um tempo para pensar melhor na nossa relação. Eu só me angustiaria ainda mais com sua dor. Eu precisava dizer algo e eu posterguei mais uma vez. Eu gostava demais dele para magoá-lo.
- Então, está certo. Não acabou.
posted by mente inconstante at 14:49

7 Comments:

Ganhou sim!

18 de setembro de 2009 às 16:50  

É...Tem vezes que a gente gosta tanto da pessoa, que mesmo que te prejudique, você faz algo para agradá-la.
Conheco isso.
Bem dimais.
Gostei.
bjokas,
MariH

18 de setembro de 2009 às 19:01  

Lindo texto!

Amei!

Beijo!!

18 de setembro de 2009 às 20:54  

Já fiz muitas dessas com o meu namorado, tadinho, mas agora amadureci e não faço mais nada, afinal nos amamos. beijos

19 de setembro de 2009 às 11:16  

Só cuidado. Amor nunca pode ser confundido com pena. E pense em você sempre, antes de todas as outras pessoas. Mesmo que tenha olhos de partir o coração!

Beijocas.

19 de setembro de 2009 às 12:35  

Amar é..antes..dividir sentimentos, ainda que haja muitas mágoas a serem reveladas. É apenas o que sinto..e adorei o post!!!

20 de setembro de 2009 às 00:59  

Pode ser uma fase simplesmente. Adorei o texto.
beijão

20 de setembro de 2009 às 17:41  

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