Apenas por pessoas de alma já formada
quinta-feira, 18 de agosto de 2011
Aeroporto
Lembro que sentaste ao meu lado naquele dia no aeroparque. Fingiu-se de amigo. Nunca fomos. Contou algum evento corriqueiro. Não ouvi. Acostumei-me a ignorar seus papos furados. Do que me importava agora saber sobre seu cotidiano? E tive vontade de chorar. Encostar minha cabeça em seu ombro. Contar-te sem receio de me expor todos os meus medos. Calo-me. Nunca fomos amigos a esse ponto. Olho para o relógio que já marca a hora de ir, ao mesmo tempo que ouço dizerem no speach que já estão prontos para o voo 1502. Que coincidência. Conhecemos muito bem esse número, não é, meu amigo? Daqueles tempos de viagens malucas que não eram nada mais que fugas. O relógio grita mais uma vez e mesmo ciente de que já é hora de partir, não é meu desejo, embora não exponha de forma alguma, pelo contrário. Calculo palavras, estudo reações, contenho as lágrimas. Por que diabos você me bloqueia tanto, afinal? Nunca tive coragem de te perguntar e parto mais uma vez carregando uma saudade fruta de um encontro frustrado. A despedida não chegou nem perto de como imaginei que seria, já que tudo o que você é capaz de dizer não significa absolutamente nada: "se cuida". Acho que nem isso saiu de sua boca. Eu já havia partido e um avião enfim decolou para longe dali.
posted by mente inconstante at 12:48
1 Comments:
Às vezes, ensaiamos palavras, idealizamos as situações, mas geralmente quando estamos cara a cara, as coisas saem do script.
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