Apenas por pessoas de alma já formada

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

E naquela noite

Espero por teus assobios na janela de meu sombrio quarto. Escrevo para passar o tempo (o tempo que não passa enquanto não chegas para cantar em meu ouvido), mas as palavras saem criptografadas, forçadas por uma inspiração que não dá as caras. Uma hora, a caneta falha, cansada de sentenças sem sentido. O papel acaba, ainda que cheio de vazios. Só não cessam as horas que continuam como obstáculos entre nós. Sentes o vento que bate forte, agitando as cortinas que insistem em me avisar de cinco em cinco minutos: "ele ainda não chegou."!? Ah, meu querido trovador, venha logo que a espera castiga. Escale já essa árvore. Voe até os meus braços que já estão abertos faz muito tempo. Certo momento o corpo cansa. Vê? Meus olhos já se fecham e os abraços perdidos escapam pelo ar. Um susto. Ouço finalmente os assobios pelos quais tanto esperei: raios de sol vazam pelo céu, a lua desaparece no horizonte e os passarinhos me enganam.
Meu amor nunca apareceu.
posted by mente inconstante at 18:00

4 Comments:

Muito lindo, de uma delicadeza que só você sabe passar Vanessa. Parabéns!!
Bjos

4 de janeiro de 2011 às 22:32  

Meu irmão mais velho me escreveu uma vez um texto que dizia"tudo passa e a cada dia as coisas se revolta ao redor,se enganamos demais e não podemos errar jamais...é o amor que nos faz assim"
Nunca concordei tanto com ele como nesse texto,o amor muda de formas mas jamais desaparece.
Vanessa,como sempre lindo seus textos
Beijo

6 de janeiro de 2011 às 14:39  

você escreve tão bem! Um talento, sem dúvida.

6 de janeiro de 2011 às 19:51  

Ah...
Esperança...
Triste esperança...
Como sempre...
Belo texto!!!
Adorei!!!

Bjs

6 de janeiro de 2011 às 20:59  

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